A compreensão da igreja é fundamental no estudo teológico, pois representa o corpo de Cristo na Terra, uma comunidade de fé reunida em nome de Jesus.
A origem etimológica da palavra “igreja” vem do grego “ekklesia”, que significa “chamados para fora”, indicando um grupo selecionado para um propósito especial.
Este conceito remete à ideia de que a igreja não é apenas um edifício ou uma instituição, mas uma congregação de crentes dedicados a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo.
O estudo da igreja nos leva a explorar não apenas sua fundação e desenvolvimento histórico, mas também sua natureza espiritual e missão no mundo.
Conceito de Igreja
O termo “igreja” é frequentemente associado a um edifício de culto, mas seu significado bíblico vai muito além.
Derivado do grego “ekklesia”, que significa “chamados para fora”, o conceito de igreja refere-se à comunidade de crentes que se reúnem em nome de Jesus Cristo.
A natureza da igreja como “chamados para fora” implica uma vocação divina, onde os crentes são separados do mundo secular para servir a Deus e a sua comunidade.
Esta definição enfatiza a natureza da igreja como um corpo coletivo de indivíduos que, unidos pela fé, formam uma comunidade espiritual dedicada ao seguimento dos ensinamentos de Cristo.
Fundador da igreja
A fundação da igreja é atribuída a Jesus Cristo, conforme registrado em Mateus 16:18. Este momento marca o início da igreja cristã, com Cristo como seu alicerce inabalável.
Os líderes iniciais (os apóstolos) foram encarregados de espalhar os ensinamentos de Jesus e de estabelecer comunidades de fé, dando continuidade à missão divina de Cristo na Terra.
O papel de Jesus como fundador da igreja vai além de sua instituição inicial. Ele continua a ser a cabeça da igreja, guiando e sustentando sua comunidade de crentes através do Espírito Santo.
A igreja, portanto, é mais do que uma criação humana; é uma manifestação do plano divino de salvação e comunhão com Deus.
Existência da igreja antes de Cristo
Embora a igreja, como conhecemos hoje, tenha sido fundada por Jesus Cristo, alguns teólogos argumentam que a “igreja” em sentido amplo pode ser vista nas comunidades de fé do Antigo Testamento, que também foram “chamadas para fora” por Deus.
Essas comunidades, como o povo de Israel, compartilhavam características com a igreja cristã, incluindo a convocação divina, a adoração a Deus e a observância de leis de Deus.
No entanto, é importante distinguir essas comunidades do conceito de igreja instituído por Cristo, marcado pela nova aliança, pela redenção através de sua morte e ressurreição e pela inclusão de gentios na comunidade de fé.
Portanto, enquanto elementos da “igreja” podem ser identificados nas tradições religiosas judaicas, a igreja cristã, como a entendemos, começa com Jesus e sua missão redentora.
A igreja é, assim, uma criação, estabelecida sobre os fundamentos da fé em Cristo, diferenciando-se das comunidades de fé do Antigo Testamento tanto em natureza quanto em propósito.
Formação da Igreja
A formação da igreja ocorreu através da reunião dos seguidores de Jesus Cristo, conforme Ele próprio estabeleceu em Mateus 18:20: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles.”
Este versículo sublinha a ideia de que a igreja não é definida por sua estrutura física, mas pela presença de Cristo entre aqueles que se reúnem em Seu nome.
A igreja primitiva começou com pequenos grupos de crentes que se reuniam em lares, compartilhando ensinamentos, partindo o pão e orando juntos.
Essas reuniões caracterizavam-se pela simplicidade, foco na comunhão e no ensino dos apóstolos, refletindo o modelo estabelecido por Jesus durante Seu ministério terreno.
Com o tempo, a igreja expandiu-se geograficamente e em número, adaptando-se a diferentes culturas e contextos sociais.
Apesar dessas mudanças, o cerne da formação da igreja permaneceu o mesmo: a comunidade de crentes reunida em torno da fé em Jesus Cristo e comprometida com a disseminação do Evangelho.
Esta formação contínua da igreja é guiada pelo Espírito Santo, assegurando sua relevância e impacto através dos tempos.
Relação entre a igreja e as sinagogas judaicas
Inicialmente, muitos dos primeiros cristãos eram judeus que continuaram a frequentar as sinagogas, vendo o cristianismo como o cumprimento das profecias judaicas.
As sinagogas funcionavam como centros de ensino, oração e comunidade para os judeus, e a igreja primitiva adotou muitos desses elementos em sua própria prática.
As reuniões da igreja incluíam a leitura das Escrituras, a pregação, a oração e o louvor, elementos que eram comuns nas sinagogas.
No entanto, a igreja introduziu novos aspectos, como a celebração da Ceia do Senhor, refletindo a nova aliança estabelecida por Cristo.
A influência das sinagogas na formação da igreja é inegável, mas é importante reconhecer as diferenças fundamentais em suas crenças e práticas.
A igreja não é simplesmente uma extensão do judaísmo; é uma nova comunidade de fé estabelecida sobre a base da redenção em Cristo, aberta a judeus e gentios.
O Indivíduo como igreja
A ideia de que um indivíduo possa ser considerado “igreja” é um equívoco comum, mas não reflete o conceito bíblico de igreja.
A igreja é descrita no Novo Testamento como um corpo de crentes, enfatizando a importância da comunidade e da interconexão entre seus membros.
A noção de que “a igreja sou eu” contradiz a essência da igreja como uma comunidade coletiva, reunida em nome de Cristo.
A fé cristã, embora pessoal, é vivenciada e expressa em comunidade, refletindo o design divino para a igreja.
Portanto, enquanto os crentes individualmente são templos do Espírito Santo, a igreja na totalidade é o corpo de Cristo, reunido em adoração e missão.
Conclusão
O estudo da igreja é uma jornada fascinante que revela a profundidade e a complexidade da comunidade de fé estabelecida por Jesus Cristo.
Desde o seu conceito bíblico como os “chamados para fora” até sua formação e desenvolvimento ao longo da história, a igreja reflete a unidade dos crentes em Cristo.
A igreja é mais do que uma instituição; é o corpo vivo de Cristo, onde cada membro desempenha um papel vital no cumprimento de sua missão divina.
Através da igreja, o amor e a graça de Deus são manifestos no mundo, oferecendo esperança, conforto e salvação.
Ao estudar a igreja, ganhamos uma maior apreciação por sua rica tradição, sua relevância contínua e seu papel indispensável na vida dos crentes e na sociedade como um todo.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
BEZERRA, Cícero. Eclesiologia: igreja e perspectivas pastorais – Série Conhecimentos em Teologia. Curitiba: Editora InterSaberes, 2017.