No tempo de Jesus, o cenário religioso judaico era diversificado e complexo. Várias seitas ou grupos tinham se formado, cada uma com suas características, crenças e práticas distintas.
Esses grupos não só influenciaram o contexto religioso da época, mas também moldaram, em diferentes graus, as interações e o ministério de Jesus.
Este artigo se propõe a explorar cinco dessas seitas, lançando luz sobre suas crenças fundamentais, referências bíblicas e a duração de sua influência.
Os Fariseus
Eram considerados mestres da Lei e tinham grande influência entre o povo comum. João 3:1, afirma que “E havia entre os Fariseus um homem, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus.”
Eram estritos observadores da Torá e davam grande ênfase às tradições orais. Acreditavam na ressurreição dos mortos, na existência de anjos e demônios e na providência divina.
Referências a eles podem ser encontradas em vários textos, como Mateus 23:2-3. A influência dos fariseus continuou após a destruição do Segundo Templo em 70 d.C.
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Os Saduceus
Os Saduceus eram majoritariamente aristocratas e sacerdotes que tinham uma forte influência no templo de Jerusalém.
Eles rejeitavam tradições orais e se concentravam estritamente na Tora Escrita. Negavam a ressurreição dos mortos e a existência de anjos e demônios.
O conflito com os fariseus é evidenciado em Atos 23:6-8. A influência dos Saduceus declinou drasticamente após a destruição do Templo em 70 d.C.
Os Herodianos
Os Herodianos eram mais um grupo político do que religioso, apoiando a dinastia de Herodes e sua colaboração com os romanos.
Eles buscavam a manutenção das coisas como são e estavam mais preocupados com questões políticas do que com os ensinamentos religiosos.
São mencionados em contextos onde tramam contra Jesus, como em Marcos 3:6. Seu poder e influência declinaram com a queda da dinastia Herodiana.
Os Essênios
Os Essênios observavam com rigidez as leis da Torá relativas à purificação. Muitos acreditam que eles foram responsáveis pelos Manuscritos do Mar Morto.
Eram conhecidos por sua vida comunitária rigorosa, práticas de purificação e expectativa messiânica.
Embora não sejam diretamente mencionados no Novo Testamento, acredita-se que João Batista possa ter tido ligações com eles. Após a destruição do Segundo Templo, seu movimento desapareceu.
Os Zelotes
Os Zelotes emergiram como um grupo revolucionário no primeiro século, opostos à dominação romana.
Eram conhecidos por sua fervorosa paixão pela Lei e pela liberdade de Israel, usando, por vezes, a violência como meio de resistência.
São mencionados no Novo Testamento, como em Lucas 6:15 (Simão, o Zelote). A revolta dos Zelotes contra Roma em 66 – 70 d.C. culminou na destruição de Jerusalém.
Conclusão
A paisagem religiosa da época de Jesus era rica e diversificada, com cada grupo oferecendo uma lente única através da qual o judaísmo era interpretado e vivido.
Essas seitas não só fornecem um contexto para os evangelhos, mas também refletem as tensões e esperanças do povo judeu sob ocupação romana.
Conhecer esses grupos nos ajuda a entender melhor o ambiente em que Jesus ministrou, bem como os desafios e oportunidades que ele enfrentou ao se engajar com diferentes segmentos da sociedade.
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Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
VERMES, Geza. Jesus e o Judaísmo. São Paulo: Editora Paulus, 2013.