Os capítulos 33, 34, 35 e 36 de Gênesis são fundamentais para compreender a trajetória de Jacó.
Esses capítulos apresentam relatos que vão desde a reconciliação entre Jacó e Esaú até a genealogia dos descendentes de Esaú.
Jacó, que antes havia fugido com medo de Esaú, enfrenta agora o desafio de reencontrar seu irmão.
O momento é marcado pela reconciliação, mas também pelas estratégias e prevenções de Jacó, evidenciando seu temor e cuidado com sua família.
Em seguida, o capítulo 34 aborda o episódio trágico envolvendo Diná, filha de Jacó, e a cidade de Siquém, ilustrando a tensão e os conflitos entre os israelitas e os habitantes da terra.
No capítulo 35, vemos a renovação da aliança de Deus com Jacó, a transição para o nome Israel e a reorganização de sua jornada espiritual e familiar.
Por fim, o capítulo 36 detalha a descendência de Esaú, estabelecendo sua importância como pai da nação edomita.
O Encontro de Jacó e Esaú (Gênesis 33)
O capítulo 33 começa com a antecipação de Jacó ao reencontro com Esaú, revisitando sua angústia e estratégias de proteção.
Jacó organiza sua família em ordem de prioridade, colocando aqueles mais amados, como Raquel e José, por último (Gn 33:1-2). Sua atitude demonstra uma mistura de medo e precaução diante de um possível ataque de Esaú.
Quando Esaú finalmente encontra Jacó, a tensão é quebrada por uma cena inesperada de reconciliação.
Esaú corre ao encontro de Jacó, abraçando-o e chorando junto a ele (Gn 33:4). Este momento reflete a graça divina na restauração de laços familiares.
Jacó insiste para que Esaú aceite presentes, interpretando sua acessibilidade como sinal de aprovação divina: “Se logrei mercê diante de ti, peço-te que aceites o meu presente, porque Deus tem sido generoso para comigo” (Gn 33:10).
Apesar da reconciliação, Jacó não confia totalmente em Esaú. Ele rejeita a oferta de Esaú para segui-los juntos e, em vez disso, dirige-se para Sucote e depois para Siquém, onde estabelece morada e constrói um altar ao Senhor (Gn 33:17-20).
Diná e os siquemitas (Gênesis 34)
O capítulo 34 apresenta o caso trágico de Diná, filha de Jacó e Lia, violentada por Siquém, filho de Hamor, príncipe da terra (Gn 34:2).
Apesar do ato hediondo, Siquém deseja casar-se com Diná e propõe uma aliança com a família de Jacó.
Hamor sugere um acordo entre as tribos, promovendo casamentos mistos e compartilhamento de terras (Gn 34:9-10).
Os filhos de Jacó, Simeão e Levi, enganam Hamor e Siquém, exigindo que todos os homens da cidade sejam circuncidados como condição para a aliança (Gn 34:13-17).
Três dias após a circuncisão, enquanto os homens continuam debilitados, Simeão e Levi atacam a cidade, matando todos os homens, inclusive Hamor e Siquém, e resgatando Diná (Gn 34:25-26).
A atitude de Simeão e Levi é condenada por Jacó, que teme represálias das nações vizinhas (Gn 34:30).
Este capítulo ilustra as complexidades das relações entre os israelitas e os povos locais, além das consequências de ações impensadas e vingativas.
A renovação da aliança em Betel (Gênesis 35:1-15)
Deus chama Jacó para retornar a Betel e construir um altar, cumprindo um voto feito anos antes (Gn 35:1).
Antes da jornada, Jacó ordena que sua família abandone os ídolos e se purifique, simbolizando a renovação de sua fé (Gn 35:2-3).
O temor divino protege a família durante a viagem, impedindo ataques dos povos vizinhos (Gn 35:5). Em Betel, Jacó construiu um altar e Deus renova as promessas feitas a Abraão e Isaque.
Deus reafirma o nome de Jacó como Israel, simbolizando sua nova identidade e o propósito divino para sua vida (Gn 35:10-12). Este momento marca um recomeço espiritual e reafirmação da aliança.
Jacó celebra este encontro erguendo uma coluna de pedra e consagrando o local como Betel, “casa de Deus” (Gn 35:14-15). Este ato demonstra sua obediência e gratidão pela presença contínua de Deus em sua jornada.
O nascimento de Benjamim e a morte de Raquel (Gênesis 35:16-29)
Durante a viagem de Betel para Efrata, Raquel entra em trabalho de parto e dá à luz Benjamim, mas morre logo após o parto (Gn 35:18-19).
Jacó renomeia seu filho, de Benoni (“filho da minha aflição”), para Benjamim (“filho da minha mão direita”), refletindo a esperança no meio da dor.
Este evento é seguido por uma menção ao pecado de Rúben, que se deita com Bila, concubina de seu pai, resultando em sua perda do direito à primogenitura (Gn 35:22).
O capítulo conclui com a morte de Isaque, pai de Jacó e Esaú, que é enterrado por seus dois filhos (Gn 35:28-29).
Os descendentes de Esaú (Gênesis 36)
O capítulo 36 apresenta a genealogia de Esaú, destacando sua prosperidade e o cumprimento da promessa de Deus de que ele seria pai de uma grande nação (Gn 36:1-8). Esaú se estabelece no monte Seir, dando origem aos edomitas.
A seção também descreve os reis e príncipes de Edom, ilustrando o desenvolvimento político e social dessa nação (Gn 36:31-43).
Apesar de sua prosperidade terrena, os descendentes de Esaú não mantêm uma aliança com o Deus de Israel.”
Conclusão
Os capítulos 33 a 36 de Gênesis retratam a complexidade das relações humanas e espirituais.
Desde a reconciliação de Jacó e Esaú até os conflitos em Siquém e a renovação da aliança em Betel, vemos como Deus guia Jacó em meio aos desafios da vida.
Esses eventos refletem a importância da conformidade, da fé e da renovação espiritual.
A genealogia de Esaú conclui uma seção mostrando o contraste entre a prosperidade terrena e a ausência de compromisso com Deus.
Por meio desses relatos, aprendemos que a caminhada com Deus exige transformação, confiança e fidelidade, mesmo diante das adversidades.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
MacDonald, William. Comentário bíblico popular. Antigo Testamento. 1ª edição, São Paulo: Mundo Cristão, 2004.