Os capítulos 24 a 27 do livro de Êxodo narram a confirmação da aliança entre Deus e Israel, bem como as instruções detalhadas para a construção do tabernáculo e seus utensílios.
Esses capítulos oferecem um retrato do relacionamento de Deus com Seu povo e destacam a centralidade do culto na vida da comunidade israelita, apontando, de forma tipológica, para Cristo e a redenção no Novo Testamento.
Êxodo 24 apresenta a ratificação da aliança entre Deus e Israel por meio de uma cerimônia solene e cheia de simbolismo. Nesse capítulo, vemos Moisés como mediador, o papel do sacrifício e a obediência do povo em sua promessa de cumprir os mandamentos do Senhor.
Já nos capítulos 25 a 27, são fornecidas as diretrizes para a construção do tabernáculo, uma estrutura portátil que serviria como local de habitação divina entre os israelitas.
Cada detalhe dos móveis, tecidos e utensílios aponta para realidades espirituais profundas, demonstrando o cuidado de Deus em ensinar verdades eternas ao Seu povo.
A análise desses capítulos revela a importância da obediência às instruções divinas e a santidade que cerca o culto a Deus.
Ao mesmo tempo, encontramos paralelos significativos entre o tabernáculo do Antigo Testamento e Cristo, que veio habitar entre nós como o verdadeiro tabernáculo (João 1:14).
Assim, este artigo explorará os principais pontos desses capítulos, detalhando seus aspectos históricos, teológicos e espirituais.
A ratificação da aliança – Êxodo 24
A narrativa de Êxodo 24 inicia-se com Deus chamando Moisés, Arão, Nadabe, Abiú e setenta anciãos para subir ao monte Sinai. Este convite para a aproximação simboliza a distinção entre o mediador e o povo.
Deus ordena que apenas Moisés se aproxime diretamente d’Ele, refletindo o contraste entre a santidade divina e a pecaminosidade humana (Êxodo 24:1-2).
Este distanciamento, que mais tarde seria superado em Cristo, ensina a necessidade de um mediador para o homem poder se relacionar com Deus.
No desenvolvimento da cerimônia, Moisés comunica ao povo as palavras de Deus, e todos respondem em uníssono: “Tudo o que o Senhor falou, faremos” (Êxodo 24:3). Este compromisso simboliza a aceitação das condições da aliança.
A construção de um altar com doze colunas, representando as doze tribos de Israel, e o uso do sangue dos sacrifícios como símbolo de purificação e consagração (Êxodo 24:4-8), apontam para a seriedade da aliança e para a necessidade de expiação pelo pecado.
Outro aspecto impressionante é a visão que os líderes de Israel têm de Deus: “Eles viram o Deus de Israel; sob seus pés havia como que um pavimento de safira” (Êxodo 24:10).
Essa experiência única demonstra a glória e a majestade de Deus, mas também a Sua graça em permitir que os representantes do povo participassem de uma comunhão especial sem serem consumidos por Sua santidade.
As ofertas para o tabernáculo – Êxodo 25:1-9
No início do capítulo 25, Deus ordena a Moisés que peça ofertas voluntárias do povo para a construção do tabernáculo.
As contribuições incluem metais preciosos, tecidos finos, peles, madeira, azeite e pedras preciosas (Êxodo 25:1-7).
Este chamado para ofertar de forma voluntária demonstra que Deus não apenas desejava os materiais, mas que eles fossem dados de coração.
A expressão “Me farão um santuário, para que Eu possa habitar no meio deles” (Êxodo 25:8) revela o propósito central do tabernáculo: ser a presença de Deus entre Seu povo.
Essa declaração enfatiza a proximidade de Deus, que, mesmo sendo transcendente, escolhe estar no meio de um povo imperfeito.
Além disso, Deus instrui Moisés a construir o tabernáculo “segundo o modelo que lhe foi mostrado no monte” (Êxodo 25:9).
Este cuidado com os detalhes destaca que o culto a Deus não pode ser feito de forma arbitrária, mas conforme Suas instruções.
A arca da aliança e o propiciatório – Êxodo 25:10-22
A arca da aliança é descrita como uma caixa de madeira de acácia revestida de ouro, contendo as tábuas da Lei (Êxodo 25:10-16).
Representa a aliança de Deus com Israel e simboliza a presença divina no meio do povo.
O propiciatório, a tampa da arca, era feito de ouro puro e tinha dois querubins com asas estendidas sobre ele (Êxodo 25:17-20).
Este era o local onde Deus prometeu encontrar-se com Moisés e transmitir Suas ordens ao povo (Êxodo 25:22).
O propiciatório simboliza a misericórdia divina e aponta para o sacrifício de Cristo, que Se tornou o propiciatório definitivo (Romanos 3:25).
O candelabro e a mesa dos pães – Êxodo 25:23-40
A mesa dos pães da proposição era feita de madeira revestida de ouro e servia para abrigar doze pães que representavam as doze tribos de Israel (Êxodo 25:23-30).
Esses pães simbolizavam a provisão constante de Deus e a comunhão entre Ele e Seu povo.
O candelabro de ouro, descrito com detalhes artísticos, tinha sete lâmpadas que deveriam permanecer acesas continuamente (Êxodo 25:31-40).
Ele simbolizava a luz divina que ilumina o caminho do Seu povo e aponta para Cristo como “a luz do mundo” (João 8:12).
As cortinas e estruturas do tabernáculo – Êxodo 26
O tabernáculo era composto de cortinas ricamente ornamentadas com querubins, feitas de linho, estofo azul, púrpura e carmesim (Êxodo 26:1).
Essas cortinas separavam o Santo Lugar do Santo dos Santos, destacando a santidade de Deus.
A estrutura do tabernáculo incluía tábuas de madeira de acácia revestidas de ouro, ligadas por travessas e bases de prata (Êxodo 26:15-30).
Essa construção sólida simbolizava a firmeza e a eternidade da habitação divina entre Seu povo.
O altar de holocausto e o átrio – Êxodo 27
O altar de holocausto, feito de madeira revestida de bronze, era o lugar onde os sacrifícios eram oferecidos (Êxodo 27:1-8).
Ele simbolizava a necessidade de expiação pelo pecado e apontava para o sacrifício de Cristo.
O átrio, cercado por cortinas de linho fino, era o espaço onde o povo se reunia para adorar (Êxodo 27:9-19).
Sua estrutura demonstra que, embora Deus habitasse no tabernáculo, havia um processo ordenado para aproximar-se d’Ele.
Conclusão
Os capítulos 24 a 27 de Êxodo são fundamentais para a compreensão do plano de Deus em estabelecer um relacionamento com Seu povo.
A ratificação da aliança no capítulo 24 evidencia o compromisso de Deus com Israel, enquanto as instruções para o tabernáculo e seus móveis mostram o desejo divino de habitar no meio do povo e prover meios para a adoração.
Esses capítulos apontam para Cristo, que cumpriu todas essas tipologias ao tornar-se o sacrifício perfeito, o mediador definitivo e a presença de Deus entre os homens.
Como tabernáculo vivo, Jesus aboliu a separação causada pelo pecado e nos deu acesso direto ao Pai.
Por fim, esses textos nos desafiam a oferecer a Deus o melhor de nossas vidas, assim como o povo de Israel ofertou voluntariamente para a construção do tabernáculo.
Que possamos, em nossa caminhada de fé, buscar a santidade e a comunhão constante com Deus.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
MacDonald, William. Comentário bíblico popular. Antigo Testamento. 1ª edição, São Paulo: Mundo Cristão, 2004.