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O que foi o período interbíblico?

O período interbíblico, representa uma fase crucial e complexa na história da judaico-cristã.

Este intervalo de tempo, que se estende entre o final dos eventos narrados no Antigo Testamento e o início dos relatos do Novo Testamento, abrange aproximadamente 400 anos.

A compreensão deste período é essencial para uma melhor interpretação dos textos bíblicos no Novo Testamento e para o entendimento da formação do contexto em que Jesus Cristo e o cristianismo emergiram.

Durante esses séculos, várias potências mundiais influenciaram diretamente a região da Judeia e, consequentemente, a vida e a fé do povo judeu.

Por meio de uma análise minuciosa dos acontecimentos e escritos do período interbíblico, compreenderemos melhor não apenas os aspectos históricos, mas também os desenvolvimentos teológicos que antecederam e prepararam o caminho para o Novo Testamento.

Este estudo não apenas enriquece nossa visão das Escrituras, mas também ilumina aspectos da fé cristã e judaica que continuam relevantes até hoje.

Qual significado do termo interbíblico?

O termo “interbíblico” refere-se ao intervalo temporal que se situa entre a redação dos últimos livros do Antigo Testamento e os primeiros eventos que compõem o Novo Testamento.

Este termo encapsula não apenas uma era de transição política e cultural, mas também uma fase de significativa evolução teológica no Judaísmo.

Durante este período, diversas correntes de pensamento e práticas religiosas começaram a se formar, influenciando diretamente o contexto no qual o cristianismo nasceria posteriormente.

Além disso, o termo destaca uma época sem novas escrituras reconhecidas, um tempo de silêncio profético, onde Deus não falou com seu povo.

Este silêncio, no entanto, não significa uma estagnação espiritual; pelo contrário, foi um período de intensa atividade religiosa e de desenvolvimento do pensamento que preparou o terreno para as mudanças que o Novo Testamento traria.

Quanto tempo durou o período interbíblico?

O período interbíblico estendeu-se por aproximadamente quatrocentos anos, começando no final do século IV a.C., após a conclusão dos livros de Malaquias, e estendendo-se até o nascimento de Jesus Cristo, marcando o início do Novo Testamento.

Esses quatro séculos foram marcados por uma série de mudanças dinâmicas sob o domínio de impérios como o Persa, o Grego, e finalmente o Romano, cada um deixando sua marca na região da Palestina e em suas tradições religiosas.

Durante esse tempo, não houve registros de novos escritos proféticos aceitos como canônicos, o que contribuiu para a caracterização deste intervalo como um “período de silêncio”.

No entanto, esta fase foi tudo menos silenciosa em termos de desenvolvimento cultural e religioso, preparando o povo judeu para os eventos que seriam narrados nos Evangelhos.

O que aconteceu durante o período interbíblico?

O período interbíblico foi marcado por uma série de eventos significativos que tiveram um impacto profundo no desenvolvimento cultural e religioso do povo judeu.

Com a conquista da região por Alexandre, o Grande, houve a introdução da cultura e língua grega, um processo conhecido como helenização.

Este fenômeno não apenas alterou aspectos da vida cotidiana, mas também influenciou as práticas religiosas e a interpretação das escrituras hebraicas.

Posteriormente, sob o domínio dos sucessores de Alexandre e, mais tarde, dos romanos, o povo judeu experimentou tanto perseguições quanto períodos de relativa autonomia, como durante o reinado da dinastia dos Hasmoneus.

Esses eventos não apenas moldaram o contexto político e social, mas também propiciaram o surgimento de diversos grupos religiosos, como os fariseus, saduceus e essênios, cada um com suas próprias interpretações da Lei e da prática judaica.

Como eram os povos deste período?

Os povos do período interbíblico eram diversificados, refletindo as várias influências culturais e políticas que marcaram a região ao longo dos séculos.

A população judaica, central para a compreensão deste intervalo, estava dividida em várias facções com distintas visões religiosas e políticas.

Os fariseus, por exemplo, enfatizavam a observância estrita das leis e tradições judaicas, enquanto os saduceus, geralmente mais aristocráticos, mantinham uma postura mais conservadora, especialmente em relação à cooperação com os governantes romanos.

Além disso, os essênios, menos conhecidos, viviam de forma monástica, priorizando a pureza ritual e a espera pelo Messias.

Essa diversidade reflete a complexidade do judaísmo da época e destaca as várias maneiras pelas quais diferentes grupos respondiam às pressões externas e internas.

Este caldeirão de crenças e práticas preparou o terreno para as inovações que viriam com o cristianismo primitivo.

Por que período interbíblico também é conhecido como intertestamentário?

O período interbíblico é frequentemente chamado de período Intertestamentário devido à sua posição cronológica entre os testamentos bíblicos, ou seja, “Intertestamentário” é literalmente “entre os testamentos”.

Esta nomenclatura ressalta o papel deste intervalo como uma ponte entre os ensinamentos e profecias do Antigo Testamento e as realizações e revelações do Novo Testamento.

É um período de transição, durante o qual as bases teológicas e culturais do cristianismo foram estabelecidas e desenvolvidas a partir do Judaísmo.

Este termo também reflete a natureza deste tempo como uma era de reflexão e desenvolvimento teológico.

Assim, o termo “Intertestamentário” captura a essência deste período crucial como uma fase de preparação e antecipação.

Quais são os escritos deste período e qual seu valor?

Durante o período interbíblico, diversos escritos não canônicos foram produzidos, conhecidos coletivamente como literatura apócrifa e pseudoepígrafa.

Estes textos, embora não incluídos no cânone bíblico tradicional, oferecem uma visão valiosa sobre as crenças, esperanças e lutas do povo judeu da época.

Entre estes estão livros como 1 e 2 Macabeus, que documentam a revolta dos Macabeus contra o império Selêucida.

Esses escritos são de grande importância para os estudiosos da Bíblia, pois fornecem um contexto histórico e cultural essencial para entender tanto o Antigo quanto o Novo Testamento.

Portanto, mesmo que não sejam considerados canônicos, seu valor para a compreensão da evolução históricas e das expectativas messiânicas da época é inestimável.

Por que o período interbíblico é importante para o estudo teológico?

O estudo do período interbíblico é fundamental para qualquer teólogo ou estudioso das Escrituras, pois este intervalo é chave para compreender as transformações que ocorreram no Judaísmo e que prepararam o caminho para o surgimento do Cristianismo.

As mudanças políticas, culturais e teológicas deste período influenciaram diretamente a maneira como as pessoas da época interpretavam suas tradições religiosas e como elas percebiam a promessa messiânica.

Ademais, o período interbíblico ajuda a elucidar muitas das referências culturais e históricas presentes no Novo Testamento.

Sem um conhecimento deste período, muitos dos diálogos, parábolas e conflitos descritos nos Evangelhos podem parecer desconectados de seu contexto original.

Portanto, para uma compreensão mais profunda e enriquecida das Escrituras como um todo, a análise deste período é indispensável.

O que os teólogos dizem sobre o período interbíblico?

O especialista em estudos bíblicos Charles H. Cosner, 2012, p. 15, afirma que “”O período intertestamentário é um período fascinante e crucial da história bíblica. É um período de grande mudança e desenvolvimento, tanto no mundo religioso quanto político.”

O acadêmico bíblico Craig A. Evans, 2017, p. 45, realça a complexidade do Período Intertestamentário e afirma que: “O período intertestamentário é um período de grande sofrimento para o povo judeu. Eles estão sob o domínio de uma série de potências estrangeiras, e sua fé está constantemente ameaçada.”

A análise do teólogo alemão de Paul Tillich, 1951, p. 231, sobre o período intertestamentário oferece uma perspectiva valiosa sobre esta era de transição crucial. “O período intertestamentário é um período de transição entre o Antigo e o Novo Testamento. É um período de grande fermento religioso e intelectual, no qual novas ideias e crenças estão surgindo.”

Por fim, a análise de Jürgen Moltmann, 1996, p. 112, é um dos principais teólogos luteranos contemporâneos, que faz a conexão deste período com a vinda do Messias. “O período intertestamentário é um período de preparação para a vinda de Cristo. É um período no qual a esperança messiânica do povo judeu se intensifica, e no qual surgem novas visões sobre o reino de Deus.”

Conclusão

O período interbíblico, embora frequentemente esquecido nas discussões comuns sobre a Bíblia, oferece uma riqueza de informações cruciais para entender o contexto completo das Escrituras Judaico-Cristãs.

Este intervalo de quatrocentos anos foi um tempo de grande agitação e mudança, mas também de profunda reflexão teológica e desenvolvimento.

Os eventos e escritos deste período moldaram as crenças e práticas que seriam fundamentais tanto para o Judaísmo rabínico quanto para o Cristianismo primitivo.

Reconhecer e estudar o período interbíblico permite aos fiéis e estudiosos hoje uma visão mais ampla e fundamentada da fé bíblica.

Ao explorar este período, não só se ganha uma compreensão mais aprofundada dos textos sagrados, mas também se valoriza a continuidade e a evolução da tradição religiosa que influencia milhões de pessoas ao redor do mundo até hoje.

Portanto, longe de ser apenas um hiato entre dois testamentos, o período interbíblico é uma era de transição vital, rica em desenvolvimento teológico e espiritual.

Ele serve como um lembrete de que a fé está sempre em movimento, sempre respondendo e se adaptando aos desafios e mudanças do mundo.

Referências Bibliográficas

COSNER, Charles H. Entre os Testamentos: Uma Introdução ao Período Interbíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2012.

EVANS, Craig A. O Mundo Intertestamentário: Uma Introdução Histórica e Teológica. São Paulo: Vida Nova, 2017.

Moltmann, Jürgen. A Vinda do Deus do Poder. Minneapolis: Fortress Press, 1996.

Tillich, Paul. Teologia Sistemática. Volume I. Tradução de J. L. Proença. São Paulo: Editora Universidade Metodista, 1951.

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