Desde os primórdios da história humana, a promessa da vinda do Messias foi uma esperança que permeou gerações.
A promessa da chegada de Jesus como o Salvador se entrelaça em toda a narrativa bíblica, sendo revelada de forma progressiva e clara ao longo das Escrituras.
Deus comunicou essa esperança por meio de vários canais, incluindo patriarcas, profetas e anjos.
A expectativa pela vinda de Jesus também foi anunciada por sacerdotes e reis, figuras centrais no culto e na liderança de Israel.
Cada um, a seu modo, indicado para a necessidade de um Salvador que traria reconciliação entre Deus e os homens.
Além deles, os anjos, mensageiros celestiais, tiveram um papel fundamental em comunicar as boas novas da vinda iminente de Cristo, especialmente na preparação dos eventos que levariam ao Seu nascimento em Belém.
O próprio Deus falou sobre a vinda de Jesus
A primeira profecia messiânica foi dada pelo próprio Deus no Jardim do Éden, logo após o pecado de Adão e Eva.
Em Gênesis 3:15, Deus declarou: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.”
Este versículo, conhecido como o Protoevangelium, é considerado a primeira promessa da vinda de Jesus, que viria para esmagar o poder da serpente, símbolo de Satanás. A partir desse momento, a expectativa de um Redentor começou a surgir.
Deus não apenas revelou Sua vontade de enviar o Messias, mas preparou o cenário para Sua vinda através de alianças, promessas e intervenções diretas na história.
Cada pacto feito ao longo do Antigo Testamento reforçava a certeza de que, em algum momento, o Salvador viria para redimir o mundo.
Essa expectativa foi crescendo conforme os detalhes da missão de Cristo foram gradualmente revelados.
Os patriarcas falaram sobre a vinda de Jesus
A promessa de um Salvador foi transmitida de geração em geração através dos patriarcas.
Abraão, o “pai da fé”, foi o primeiro a receber a promessa direta de que, através de sua descendência, viria aquele que abençoaria todas as nações (Gênesis 22:18).
A fé de Abraão foi fundamental para estabelecer a linhagem messiânica, que culminaria em Jesus Cristo.
Além disso, o sacrifício de Isaque é frequentemente visto como um prenúncio do sacrifício que Cristo faria em favor da humanidade.
Isaac e Jacó também reiteraram essa promessa. Jacó, em suas vitórias aos filhos, profetizou que o cetro não se apartaria de Judá até que viesse “aquele a quem pertence por direito” (Gênesis 49:10), uma clara alusão ao reinado messiânico de Jesus.
Esse versículo destaca que o Messias viria da tribo de Judá, estabelecendo a expectativa de um rei eterno, conforme se cumpriria em Cristo, o descendente de Davi, da mesma tribo.
Os patriarcas não apenas receberam promessas sobre o futuro, mas também vivenciaram experiências que simbolizaram a obra redentora de Cristo.
O sacrifício de Isaque, a escada de Jacó e a vida de José, em muitos aspectos, são prefigurações do sacrifício e da glória vinda de Jesus.
Essas histórias transmitiram uma mensagem clara: o Salvador prometido estava por vir, e a história de Israel preparou o caminho para Ele.
Os profetas falaram sobre a vinda de Jesus
Os profetas desempenharam um papel crucial no prenúncio da vinda de Jesus, revelando detalhes sobre Sua missão.
Isaías, um dos profetas mais conhecidos, falou explicitamente sobre o Messias. Em Isaías 7:14, ele declarou: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele chamará Emanuel.”
Esta profecia foi cumprida no nascimento de Jesus, como relatada no evangelho de Mateus (1:23). Isaías também descreveu o Messias como o “Servo Sofredor” que levaria sobre Si os pecados de muitos (Isaías 53:5).
Miquéias foi outro profeta que deu detalhes específicos sobre a vinda de Jesus. Ele profetizou que o Salvador nasceria em Belém: “E tu, Belém Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá aquele que há de reinar em Israel” (Miquéias 5:2).
Essa profecia foi cumprida de maneira literal, quando Jesus nasceu na pequena cidade de Belém, como registrado nos Evangelhos.
Além disso, os profetas como Jeremias e Daniel trouxeram palavras de esperança e justiça, sempre apontando para o Redentor vindouro.
Jeremias falou sobre o surgimento de um “Renovo justo” da descendência de Davi (Jeremias 23:5).
A expectativa messiânica, portanto, foi construída cuidadosamente através das profecias.
Os sacerdotes esperaram a vinda de Jesus
Os sacerdotes de Israel, como representantes do povo perante Deus, também anteciparam a vinda do Messias.
O sistema sacrificial, estabelecido pela lei mosaica, apontava para a necessidade de um sacrifício perfeito e definitivo, algo que os sacrifícios de animais não poderiam suprir plenamente.
O sacrifício de Jesus, o Cordeiro de Deus, foi prefigurado em cada oferta levada ao altar.
Como destacado em Hebreus 9:12, “não por meio de sangue de bodes e bezerros, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todos, tendo ganhos eternos de redenção”.
O papel do sumo sacerdote, especialmente no Dia da Expiação, era um símbolo direto da obra que o Messias realizaria.
Em Levítico 16, o sumo sacerdote entrou no Santo dos Santos uma vez por ano, levando o sangue para expiação dos pecados do povo.
Jesus, como o sumo sacerdote perfeito, entrou na presença de Deus com Seu próprio sangue, recebendo perdão eterno para os que Nele incluem.
Além disso, a instituição do sacerdócio em si apontava para a necessidade de um mediador entre Deus e os homens.
O Messias prometido, Jesus Cristo, seria o mediador definitivo, unindo perfeitamente a humanidade com Deus.
Como está escrito em 1ª Timóteo 2:5: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem.”
Os reis falaram sobre a vinda de Jesus
Os reis de Israel, especialmente Davi e Salomão, também tiveram um papel profético na preparação para a vinda de Jesus.
Deus prometeu a Davi que seu trono seria previsto para sempre, em uma aliança eterna (2º Samuel 7:16).
Essa promessa não se referia apenas a uma continuidade física de seus descendentes, mas apontava para o reinado eterno de Cristo, o Filho de Davi.
O Salmo 2 também retrata o reinado messiânico, onde o ungido de Deus regerá as nações com justiça e poder.
Salomão, conhecido por sua sabedoria e riqueza, foi uma sombra do Rei perfeito que viria.
Apesar de Salomão ter falhado em muitas áreas, seu reinado de paz e prosperidade antecipa o governo de Cristo, que traz paz verdadeira e rigorosa.
Jesus, em Mateus 12:42, faz referência a si como sendo “maior que Salomão”, ressaltando que Ele traria uma sabedoria e um reinado superior aos de qualquer rei terreno.
Assim, os reis de Israel, com suas vitórias e falhas, serviram como tipos e figuras do Messias vindouro.
O trono de Davi foi um prenúncio do reinado eterno de Jesus, que será estabelecido em justiça e verdade.
A história dos reis de Israel apontava para a necessidade de um rei perfeito, o qual seria plenamente realizado em Jesus Cristo.
Os anjos falaram sobre a vinda de Jesus
Os anjos, mensageiros de Deus, desempenharam um papel significativo no anúncio da vinda de Jesus.
No Antigo Testamento, encontramos várias aparições de anjos que prenunciavam eventos futuros relacionados ao plano de redenção.
Um exemplo claro disso está em Daniel 9:21-27, onde o anjo Gabriel revela a Daniel o tempo aproximado da chegada do Messias.
No Novo Testamento, os anjos foram encarregados de anunciar diretamente o nascimento de Jesus.
Gabriel, o mesmo anjo que apareceu a Daniel, anunciou a Maria que ela seria a mãe do Salvador: “E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, a quem chamarás pelo nome de Jesus” (Lucas 1:31).
Este anúncio marcou o início da realização de todas as promessas feitas ao longo da história de Israel.
Os anjos também apareceram aos pastores nos campos de Belém, anunciando as boas novas de grande alegria: “Hoje vocês nasceram, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2:11).
Dessa forma, os anjos confirmaram que o tempo da espera havia terminado e que o Messias prometido finalmente havia chegado ao mundo.
Conclusão
A vinda de Jesus foi prenunciada desde o início da criação, e Sua chegada representou o cumprimento de séculos de promessas e profecias.
Desde a primeira palavra de Deus no Éden até o anúncio dos anjos em Belém, a expectativa por Salvador foi crescendo, preparando os corações dos que aguardavam o Redentor.
Os patriarcas, profetas, sacerdotes, reis e até mesmo os anjos apontaram para esse momento central na história da redenção.
Cada profecia cumprida em Jesus é uma confirmação da fidelidade de Deus às Suas promessas.
O nascimento, a vida, a morte e a ressurreição de Cristo demonstram o plano perfeito de Deus para a salvação da humanidade.
Ele veio ao mundo como o Cordeiro de Deus, o Rei dos reis e o Mediador entre Deus e os homens, cumprindo perfeitamente todas as expectativas messiânicas.
Portanto, ao refletirmos sobre o prenúncio da primeira vinda de Jesus, somos lembrados do imenso amor e soberania de Deus, que trabalhou em cada detalhe para trazer a salvação ao mundo.
Que essa compreensão nos leve a um espírito profundo e a uma renovada esperança na segunda vinda de Cristo, esperança quando Ele retornará em glória para reinar para sempre.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. São Paulo: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1999.