O século XVIII representa um período de imensas inovações intelectuais, políticas e culturais, principalmente no continente europeu.
Nesta fase, o mundo secular estava mergulhado no abismo do questionamento e indagações. Foi neste cenário que alguns teólogos cristãos trabalharam para o fortalecimento da fé cristã, construíram um legado importantíssimo através de suas obras influenciando o cristianismo até os dias atuais.
Neste artigo, embarcaremos em uma viagem através dos séculos para conhecer alguns teólogos mais influentes do século XVIII, explorando suas vidas, famílias, envolvimento no mistério e suas obras que impactaram extraordinariamente o mundo cristão.
1. Jonathan Edwards (1703–1758)
Crédito: Retrato de Jonathan Edwards, de Joseph Badger (1708 a 1765). (Licenciado em domínio público via Wikimedia Commons.)
Nasceu em 05 de outubro de 1703 na cidade de East Windsor no condado de Hartford, Connecticut, Estados Unidos. Casou-se com Sarah Pierpont, com quem teve 11 filhos (três filhos e oito filhas).
Edwards foi um pregador e ministro congregacional. Seu trabalho teológico é muito extenso com foco na teologia reformada, foi um teólogo calvinista.
Estudou teologia na Collegiate School. Edwards é talvez mais conhecido por seu sermão “Pecadores nas Mãos de um Deus Irado”. Outras obras significativas incluem “A Liberdade da Vontade” e “A Vida Religiosa”.
Ele faleceu em 22 de março de 1758 em Princeton, Nova Jersey, aos 54 anos. Edwards é frequentemente considerado o teólogo mais importante da América.
2. John Wesley (1703–1791)
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Foi um pastor, e reverendo anglicano, arminiano. Considerado uma figura percursora e responsável pelo Movimento Metodista que surgiu na Inglaterra durante o século XVIII.
Wesley nasceu em 17 de julho de 1703 em Epworth, Lincolnshire, Inglaterra. Foi o décimo quinto de dezenove filhos. Quando pequeno, com apenas cinco anos, sua residência foi incendiada, ele foi o último a ser salvo do piso superior da casa, milagrosamente.
Wesley ainda criança iniciou o processo de aprendizagem com sua mãe, utilizando o livro dos salmos como material didático. Esse processo durou até aos 11 anos, em seguida foi matriculado em uma escola, onde ficou até quando ingressou na Universidade de Oxford aos 17 anos.
Na universidade, Wesley, reuniu com outros estudantes para realizar leitura da Bíblia e orações diárias, esse grupo ficou conhecido como “Clube Santo”. Em 1751 casou-se com Mary Wesley. John faleceu em 02 de março de 1791 em Londres, Inglaterra, aos 87 anos.
3. George Whitefield (1714–1770)
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Whitefield nasceu em 16 de dezembro de 1714 em Gloucester, Inglaterra, e Ele estudou no Pembroke College, Oxford, onde participou do “Clube Santo” com os irmãos Wesley.
George foi um teólogo calvinista, pregador e evangelista mais dinâmicos e conhecidos do século XVIII. A mídia da época o chamava de “maravilha da era”. Devido seus sermões foi conhecido como o “príncipe dos pregadores ao ar livre”.
Ele foi um dos fundadores do metodismo, era conhecido por sua poderosa oratória e pregou numerosos sermões, muitos dos quais foram publicados. Embora fosse um amigo próximo de John Wesley, os dois divergiam teologicamente, especialmente sobre a doutrina da predestinação.
Whitefield se casou com Elizabeth James em 14 de novembro de 1741. Elizabeth, frequentemente referida como “Mrs. Whitefield” em muitas correspondências e registros da época. George Whitefield morreu em Newburyport, Massachusetts, em 30 de setembro de 1770.
4. Charles Wesley (1707–1788)
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Charles Wesley, nasceu em 18 de dezembro de 1707 em North Lincolnshire, Inglaterra. Ele foi o décimo oitavo filho de Samuel e Susanna Wesley, irmão mais novo de John Wesley, foi cofundador do metodismo.
Charles, foi reconhecido pela vasta quantidade de hinos que escreveu, escrevendo mais de 6.000 deles. “Ouça! Os Anjos Arautos Cantam” e “Cristo, o Senhor, ressuscitou hoje” estão entre os mais famosos.
Charles Wesley ingressou no Chritst Church, Universidade de Oxford, em 1727, na mesma instituição de ensino que seu irmão Jhon estudou e participou do “Clube Santo”.
Ele se casou com Sarah Gwynne, com quem teve oito filhos. Charles e John nem sempre concordaram em questões teológicas, mas mantiveram um forte vínculo fraterno. Em 29 de março de 1788, Charles faleceu aos 80 anos.
5. Nicolaus Ludwig Zinzendorf (1700–1760)
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Nicolas Ludwig, Conde von Zinzendorf (1700–1760) nasceu em uma família aristocrática alemã e, desde cedo, sentiu o chamado para a vida espiritual e a disseminação da fé cristã.
Ele desempenhou um papel fundamental no renascimento do pietismo, um movimento no luteranismo que enfatizava a devoção pessoal, a vida santa e uma relação pessoal com Deus.
Em 1722, Zinzendorf abriu suas terras para refugiados religiosos da Morávia, o que eventualmente levou à fundação da Igreja Morávia. Esta igreja tornou-se conhecida por seu fervor missionário e enviou missionários para várias partes do mundo, incluindo as colônias americanas, África e Caribe.
Além de ser um líder religioso e teólogo influente, Zinzendorf era um prolífico escritor e compositor. Ele escreveu numerosos hinos que ainda são cantados em igrejas ao redor do mundo.
Casou-se com Erdmuthe Dorothea, com quem teve doze filhos. Apesar da perseguição por suas crenças, manteve-se firme em seus princípios, promovendo a unidade eclesiástica. Faleceu em 09 de maio de 1760, aos 60 anos.
6. John Brown (1722–1787)
Crédito da imagem: Wikipédia
Conhecido como John Brown de Haddington, nasceu em 8 de setembro de 1722 no vilarejo de Carpow no condado Perthshire na Escócia.
Ele era filho de um tecelão, também chamado John Brown e de Catherine Millie. Seu pai morreu quando John tinha 11 anos e sua mãe logo depois. Ele foi um teólogo escocês, professor e ministro associado à Igreja Secessionista.
Brown não teve uma educação formal, mas, dotado de uma mente penetrante e uma sede de conhecimento, aprendeu latim, grego e hebraico.
Em 1768, foi nomeado professor de teologia no sínodo Associate Burgher. Grande parte de seu ministério foi dedicada a escrever numerosas obras de divindade, história e teologia.
Em setembro de 1753, Brown casou-se com Janet Thomson (1732/3–1771), filha de um comerciante de Musselburgh; o casal teve vários filhos, dois dos quais (João e Ebenézer) também ingressaram no ministério.
Após a morte de sua esposa, em 1771, Brown casou-se com Violet Croumbie (1744/5–1822), filha de um comerciante local.
Seus filhos deste casamento incluíam um ministro (Thomas), pioneiro em bibliotecas itinerantes, (Samuel) que foi secretário da Sociedade Missionária Escocesa e autor (William).
Brown morreu em sua casa em Haddington, em 19 de junho de 1787, aos 65 anos, sendo enterrado quatro dias depois no cemitério de Haddington.
7. John Fletcher (1729–1785)
Crédito da imagem: Retrato de John Fletcher1993/1643
Nasceu no dia 12 de setembro de 1729, em Nyon, Vaud, Suíça. Ele foi o oitavo e último filho de Jacques de la Fléchère, um oficial do exército, e de Suzanne Elisabeth.
Foi um ministro e teólogo, estudou em Genebra antes de se mudar para a Inglaterra. Trabalhou com John Wesley, tornando-se um intérprete-chave da teologia wesleyana no século XVIII e um dos primeiros grandes teólogos do Metodismo.
Fletcher era versado nas línguas originais e na teologia. Embora tenha inicialmente considerado uma carreira militar, ele sentiu um chamado para o ministério e seguiu esse caminho após sua migração para a Inglaterra.
Serviu como vigário de Madeley em Shropshire, onde era conhecido por sua pregação apaixonada e seu cuidado pastoral dedicado.
Casou-se com Mary Bosanquet, uma das primeiras pregadoras metodistas femininas, em 1781. O casal compartilhou um compromisso com a evangelização e o cuidado pastoral. Faleceu em 14 de agosto de 1785, aos 55 anos.
8. Thomas Hartwell Horne (1780–1862)
Crédito da gravura – mediasstorehouse.com
Thomas Hartwell Horne nasceu em Londres no dia 20 de outubro de 1780. Estudou na Biblioteca Britânica, onde mais tarde trabalhou, e se tornou um teólogo e bibliotecário notável.
Foi um teólogo e pesquisador mais conhecido por sua obra monumental (Uma Introdução ao Estudo Crítico e ao Conhecimento das Sagradas Escrituras).
Ele foi uma figura respeitada na história dos estudos bíblicos, e sua obra continua sendo uma referência para muitos que se aprofundam nos estudos teológicos e bíblicos.
Horne casou com Sarah em 1812, com quem teve duas filhas. Ele teve uma vinda longa, faleceu aos 81 anos em 27 de janeiro de 1862.
9. Thomas Coke (1747–1814)
Crédito da imagem: Oxford Brookes University
Foi um bispo e missionário metodista, após conhecer John Wesley em 1776, atuou diretamente na divulgação do Metodismo na América, fixou diversas missões metodistas nos Estados Unidos.
Devido o estabelecimento de missões nos Estados Unidos e em diversos países do mundo, Coke foi intitulado de Pai das Missões Metodistas. Em 1786, Coke implantou um panfleto de assinatura anual para apoio aos missionários.
Ele casou aos 58 anos, em 1º de abril de 1805, com Penelope Goulding Smith, uma mulher que possuía muito recurso financeiro, ela investiu muito de seus bens para promoção das missões, das quais participou pessoalmente em viagens, faleceu em 25 de janeiro de 1811.
Após a morte de Penelope, em dezembro de 1811, Coke casou novamente, com Anne Loxdale, ficou casado por apenas um ano, em 5 de dezembro de 1812 Anne faleceu. Coke não teve filhos.
No dia 02 de maio de 1814, aos 66 anos, Coke faleceu fazendo o que amava, que era missão. Morreu a bordo de um navio, após passar quatro meses no mar rumo a Ceilão (Sri Lanka), a 50 km da costa sudoeste da Índia, onde foi sepultado.
10. Aaron Bancroft (1755–1839)
Crédito da imagem: Harvard Divinity School
Nasceu em 10 de novembro de 1755, em Reading, uma cidade localizada no condado de Middlesex, Massachusetts, Estados Unidos. Filho de Samuel Bancroft e Lydia Parker.
Foi um pastor congregacional e teólogo americano, membro da Academia Americana de Artes e Ciências, publicou em 1800 uma obra com a biografia do primeiro presidente americano, o general George Washington, pela qual receber diversos elogios.
Iniciou seus estudos acadêmicos na época da Revolução Americana, e esteve presente na fronte de batalhas. Ele concluiu seus estudos na Universidade de Harvard em 1778, em seguida lecionou teologia e serviu com missionário em Yarmouth, Nova Escócia, por três anos.
Bancroft, publicou diversas obras sobre Doutrinas Cristãs, em 1810 recebeu homenagem e título de Doutor em Divindade pelo Harvard College.
Em 24 de outubro de 1786, Bancroft, Aaron casou-se com Lucretia Chandler na cidade Worcester, Massachusetts, Estados Unidos, foram pais de cinco filhos e oito filhas. Se estabeleceu como pastor congressional em Worcester até sua morte em 19 de agosto de 1839, aos 84 anos.
11. Adam Clarke (1762–1832)
Crédito da imagem: Wikipédia
Nasceu no dia 17 de agosto de 1762, em uma pequena aldeia irlandesa de Moybeg, no condado de Derry, na atual Irlanda do Norte.
Foi um renomado teólogo metodista, era um respeitado comentaristas bíblicos de sua época. Escreveu também diversas obras relevantes e sempre reafirmou os ensinamentos de John Wesley.
Adam ficou conhecido pelo grande trabalho que levou quarenta anos para ser concluído: comentário Bíblico Charke do Antigo e Novo testamento, tinha em torno de 6.000 páginas.
Sua educação secular foi básica, nunca frequentou uma universidade, mas era muito dedicado e autodidata. Com seu empenho aprendeu diversos idiomas antigos, dentre eles: hebraico, grego, aramaico e latim.
Em 17 de abril de 1788, Adam Clarke, casou-se com Mary Cooke tiveram 12 filhos e filhas. No ano de 1823 mudou para Londres, ficando na região até sua morte, que ocorreu em 26 de agosto de 1832, aos 72 anos.
Conclusão
Em suma, diante deste cenário de transformação do século XVIII, uma época de indagações, surgiu uma série de teólogos cuja influência ainda impacta positivamente o cristianismo contemporâneo.
Esses influentes teólogos, da Europa à América, marcaram significativamente a história do Cristianismo. Teólogos como Jonathan Edwards, com a sua profunda teologia reformada, e John Wesley, com o movimento metodista e seu pensamento teológico e demais teólogos.
Olhando através do contexto do século XVIII, somos lembrados da profunda influência que estes teólogos tiveram, não só na Europa, mas em todo o mundo, no fortalecimento do cristianismo, mesmo tendo posições diferentes em determinados assuntos.
Cada um deles, à sua maneira, trabalhou para fortalecer a fé cristã e construir um legado. Em suas obras podemos notar o amor que eles tiveram pelo ensino teológico e dedicação ao estudo da Bíblia.