Jejum, ocupa um lugar significativo na Bíblia. Segundo a narrativa bíblica, o jejum é mais do que uma mera abstinência de comida ou bebida; é uma expressão de fé, humildade e busca por uma conexão mais profunda com Deus.
A prática do jejum é mencionada diversas vezes nas Escrituras, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, oferecendo informações sobre seu propósito, significado e a maneira como foi apresentado por figuras bíblicas. Parte superior do formulário
Jejum no Antigo Testamento
No Antigo Testamento, o jejum era frequentemente associado ao sofrimento e ao luto. Por exemplo, em Joel 2:12, Deus diz: “Voltem para mim de todo o coração, com jejum, choro e lamentação”. Este versículo traduz a prática comum de jejuar como um ato de arrependimento e busca por misericórdia divina.
Outro aspecto importante do jejum no Antigo Testamento é sua conexão com momentos de grande angústia ou busca por orientação divina. Em Ester 4:16, a rainha Ester pede que seu povo jejue por ela antes de ela se aproximar do rei, um ato de grande risco.
O jejum também foi praticado em dias especiais, como o Dia da Expiação (Yom Kippur), conforme descrito em Levítico 16:29-31. Este era um momento de humilhação e purificação espiritual, um dia sagrado para evitar-se do físico e concentrar-se no espiritual.
Jejum no Novo Testamento
No Novo Testamento, Jesus Cristo abordou o jejum, enfatizando a intenção e a atitude do coração. Em Mateus 6:16-18, Ele instruiu sobre como jejuar de maneira a não exibir a própria piedade, mas buscar um relacionamento genuíno com Deus.
O jejum foi praticado pelos primeiros cristãos como parte de sua devoção espiritual. Em Atos 13:2-3, por exemplo, os discípulos jejuaram e oraram antes de enviar Barnabé e Saulo para a missão.
O jejum também é visto como uma ferramenta para fortalecer a oração e a busca por orientação divina. Em Atos 14:23, Paulo e Barnabé jejuaram e oraram antes de nomear anciãos nas igrejas.
Propósitos do jejum
O jejum serve vários propósitos na Bíblia. Um deles é potencializar a oração, conforme mencionado em Esdras 8:23, onde Esdras declara: “Jejuamos e pedimos isso ao nosso Deus, e ele nos atendeu”.
O jejum também é uma forma de expressar luto e buscar consolo divino, como na morte de Saul, onde o povo jejuou por sete dias (1 Samuel 31:13).
Além disso, o jejum pode ser um ato de tristeza e busca por purificação, simbolizando a vontade de se afastar dos desejos carnais para se concentrar mais profundamente em Deus.
Jejum e vida contemporânea
Atualmente, o jejum continua sendo uma prática espiritual para muitos cristãos. Ele oferece uma oportunidade para refletir, se concentrar na oração e na meditação, e buscar uma conexão mais íntima com Deus.
O jejum pode ser adaptado à vida moderna, com os escolhidos abster-se não apenas de alimentos, mas também de atividades que distraem, como redes sociais ou entretenimento.
É importante que o jejum seja feito com um coração puro e a intenção certa, conforme ensinado em Isaías 58:6-7, onde o jejum verdadeiro é descrito não apenas como abstinência de comida, mas como ação de libertar os oprimidos e auxiliar os necessitados.
Jejum e revelação espiritual
A Bíblia retrata o jejum como um meio de ganhar maior compreensão e revelação espiritual. Em Daniel 10:2-3, Daniel jejuou por 21 dias, buscando entendimentos e visões divinas.
O jejum pode direcionar o coração e a mente para a orientação de Deus, proporcionando um tempo de silêncio e reflexão, longe das distrações do dia a dia.
É fundamental, no entanto, que o jejum seja acompanhado de oração e estudo da Palavra, para que não se torne meramente uma prática exterior, mas um meio de crescimento espiritual profundo.
Conclusão
O jejum, conforme retratado na Bíblia, é uma prática profundamente espiritual que transcende a mera abstinência de comida.
É um meio pelo qual os cristãos buscam uma conexão mais profunda com Deus, expressando humildade e uma busca sincera por orientação divina.
Embora as práticas de jejum possam variar ao longo dos séculos, o coração da prática permanece o mesmo: uma dedicação focada em Deus e uma renúncia às preocupações e desejos mundanos.
Ao jejuar com a intenção correta e um coração puro, os cristãos continuam a encontrar força, conforto e revelação nas disciplinas espiritualmente ensinadas e praticadas ao longo da história bíblica.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
STOTT, John R. W. O Sermão da Montanha: Uma Exposição Expositiva e Prática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2008.