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A Formação dos evangelhos

A formação dos evangelhos é um tópico fascinante nos estudos bíblicos. Estes textos, que compõem a essência dos ensinamentos de Jesus Cristo, passaram por um processo único de desenvolvimento.

Compreender este processo é fundamental para apreciar a observação e o contexto histórico dos evangelhos.

A transmissão oral, a redação, e a compilação desses textos são momentos cruciais que mostram a interação entre a fé e a cultura nas primeiras comunidades cristãs.

Estudar essas fases ajuda a entender como os ensinamentos de Jesus foram preservados e transmitidos através das gerações.

A transmissão oral por Jesus

A primeira etapa na formação dos evangelhos foi a transmissão oral dos ensinamentos de Jesus. Ele próprio não escreveu seus ensinamentos, mas ensinou por sermões orais, como o Sermão da Montanha (Mateus 5-7).

Esta fase se caracteriza pela comunicação direta e pessoal, fundamental na cultura judaica da época. Durante este período, a memorização e a reprodução eram métodos comuns para preservar ensinamentos.

A fidelidade na transmissão oral era considerada crucial, pois era uma maneira de proteger a integridade dos ensinamentos de Jesus. Isso também reflete a importância da adição oral no judaísmo, que valorizava a proteção na preservação de suas tradições.

A natureza oral desses ensinamentos permitiu que eles fossem adaptados às necessidades e entendimentos das diferentes audiências. Isso explica as variações nos relatos dos evangelhos.

Entretanto, o cerne da mensagem de Jesus apresenta-se consistentemente, enfatizando temas como amor, justiça e o Reino de Deus.

A transmissão oral pelos discípulos

Após a morte de Jesus, seus discípulos continuaram a tradição oral, divulgando seus ensinamentos. Eles foram testemunhas oculares peculiares, como Pedro, cuja influência é evidente no evangelho de Marcos. Esta etapa foi essencial para manter a integridade dos ensinamentos de Jesus.

Os discípulos enfrentaram desafios ao transmitir os ensinamentos em contextos diversos, especialmente fora da Judeia. Isso requer a adaptação da mensagem para diferentes culturas e línguas, como evidenciado pela expansão do cristianismo para áreas greco-romanas.

A transmissão oral pelos discípulos também foi crucial na formação de comunidades cristãs. Estas comunidades surgiram a criar registros escritos, marcando a transição da tradição oral para a escrita, uma etapa importante na preservação dos ensinamentos de Jesus para as gerações futuras.

O período da redação

A redação dos evangelhos ocorreu em um contexto onde a necessidade de um registro escrito se tornou prematuramente. Isso foi impulsionado pela morte dos primeiros discípulos e pela disseminação da cristandade em diferentes regiões.

Os quatro evangelhos canônicos, Mateus, Marcos, Lucas e João, foram escritos entre 70 e 100 d.C. Cada um oferece uma perspectiva única sobre a vida e os ensinamentos de Jesus, refletindo a diversidade das primeiras comunidades cristãs.

A redação dos evangelhos não foi um ato isolado, mas parte de um processo contínuo de compilação dos ensinamentos de Jesus. Este processo foi influenciado por fatores teológicos, culturais e políticos, moldando a maneira como as histórias de Jesus foram contadas e registradas.

A inclusão dos evangelhos no cânon bíblico

A determinação de quais textos serão incluídos no cânon bíblico foi um processo complexo. No século IV, os critérios para a inclusão dos evangelhos no Novo Testamento foram finalmente confirmados.

Os concílios da Igreja, como o Sínodo de Hipona em 393 d.C. e o Concílio de Cartago em 397 d.C., desempenharam um papel crucial na ratificação do cânon do Novo Testamento. Estes concílios refletiram os quatro evangelhos como autoritativos e inspirados, excluindo outros evangelhos apócrifos.

A inclusão dos evangelhos no cânon bíblico foi uma afirmação da autoridade e desses textos. Este processo refletiu o desejo da Igreja primitiva de preservar um registro fiel dos ensinamentos e da vida de Jesus, estabelecendo uma base sólida para a fé cristã.

O período de formação dos evangelhos

O período de formação dos evangelhos estendeu-se por várias décadas. Esse intervalo de tempo foi fundamental para o amadurecimento da tradição oral e a adaptação dos ensinamentos de Jesus às diversas comunidades cristãs. A transição da oralidade para a escrita foi uma resposta às necessidades emergentes da Igreja.

Durante este período, a igreja passou por desafios internos e externos, como perseguições e disputas doutrinárias. Essas situações extremamente para a urgência de registrar os ensinamentos de Jesus através da escrita. A preservação escrita garante uma maior consistência e autoridade dos textos em meio a um ambiente religioso e cultural em constante mudança.

Além disso, a necessidade de combater as heresias e unificar a doutrina cristã também acelerou a formação escrita dos evangelhos. A redação dos textos serviu não apenas como um registro dos ensinamentos de Jesus, mas também como um meio de estabelecer uma base teológica comum para as comunidades cristãs.

Contexto político, histórico e social

O contexto político, histórico e social do período da formação dos evangelhos teve um impacto significativo no seu desenvolvimento. O Império Romano, com suas diversas culturas e religiões, proporcionou um panorama de fundo complexo para a expansão do cristianismo.

A perseguição aos cristãos e as políticas no império influenciaram a maneira como os evangelhos foram escritos e interpretados. Os temas de sofrimento, resistência e esperança, presentes nos textos, refletem as realidades vividas pelas primeiras comunidades cristãs.

Além disso, o judaísmo do Segundo Templo, com suas próprias contribuições e expectativas messiânicas, trouxe um contexto teológico e cultural crucial. Os evangelhos, escritos em um ambiente judeu-cristão, refletem essa interação complexa entre tradições e crenças.

Conclusão

A formação dos evangelhos é um testemunho da dedicação e fé das primeiras comunidades cristãs. Este processo não foi apenas a transcrição de uma tradição oral, mas uma jornada de fé, enfrentando desafios políticos, sociais e teológicos.

A compreensão deste processo nos ajuda a apreciar a riqueza e a profundidade dos evangelhos. Eles são mais do que meros documentos históricos; são narrativas vivas que refletem a interação dinâmica entre Deus e a humanidade.

Estudar a formação dos evangelhos nos lembra da importância da preservação e transmissão da fé. Eles são um legado que continua a inspirar, desafiar e guiar os cristãos ao longo dos séculos, mantendo-se como um pilar central da fé cristã.

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