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A Revelação na Bíblia

A Bíblia é a principal fonte de revelação de Deus à humanidade. Ao longo das Escrituras, encontramos a manifestação divina em diversos formatos, abrangendo desde a criação até a encarnação de Jesus Cristo.

Esse processo de revelação é essencial para o ser humano compreender a vontade de Deus e a salvação oferecida em Cristo.

Sem essa comunicação divina, seria impossível ao homem entender os propósitos eternos.

A revelação bíblica, portanto, desempenha um papel central na fé cristã e na compreensão da relação entre o Criador e Suas criaturas.

Essa revelação, no entanto, ocorre de diferentes maneiras e em diferentes tempos. Ela não se limita às palavras registradas na Bíblia, mas se expande para o universo criado, para eventos históricos e, especialmente, para a vida de Jesus Cristo.

Deus, em Sua sabedoria, utilizou diversos meios para Se comunicar com a humanidade, deixando um testemunho que atravessa gerações e culturas.

Entender esses diferentes tipos de revelação é fundamental para compreendermos como Deus se faz conhecido ao longo da história.

O presente artigo explora seis aspectos essenciais da revelação divina, a partir de uma visão teológica e bíblica.

Serão abordados: a necessidade da revelação, a revelação geral, a revelação específica, a revelação progressiva, a questão sobre o cessamento da revelação e, por fim, outras evidências da inspiração bíblica.

Cada um desses tópicos será analisado à luz das Escrituras, buscando oferecer uma compreensão profunda e clara sobre como Deus Se revelou ao mundo.

A necessidade da revelação

A revelação de Deus é necessária porque o ser humano, por si só, não pode alcançar o conhecimento pleno de quem é Deus.

O pecado, como relatado em Romanos 3:23, afastou o homem de Deus, deixando-o incapaz de entender as verdades espirituais e o propósito divino.

Por essa razão, o próprio Deus tomou a iniciativa de Se revelar, para que pudéssemos conhecê-Lo e ter um relacionamento com Ele.

Sem a revelação divina, permaneceríamos em escuridão espiritual, perdidos em nossos próprios pensamentos e filosofias humanas.

Essa revelação é necessária também porque Deus é transcendente, ou seja, Ele está acima e além da compreensão humana.

Embora a criação forneça evidências da existência de um Criador, o entendimento sobre a Sua natureza, Sua vontade e Seus propósitos não pode ser completamente alcançado apenas através da observação do mundo.

Como disse Isaías 55:8-9, “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor”. Isso reforça a necessidade de uma revelação direta de Deus.

Além disso, a revelação de Deus é vital para a salvação. Não apenas precisamos conhecer que Deus existe, mas também precisamos saber como nos relacionar com Ele de maneira correta.

Através da revelação, Ele nos mostrou o caminho da salvação, o qual se manifesta plenamente em Jesus Cristo.

Em João 14:6, Jesus declara: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”. Assim, a revelação é a chave que abre a porta para a vida eterna.

Revelação geral

A revelação geral é a maneira como Deus Se revela a todas as pessoas, em todos os lugares, através da criação e da ordem natural.

Essa revelação é universal e acessível a todos, como o Salmo 19:1 proclama: “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”.

A majestade da criação é uma das evidências mais claras da existência de um Criador, e o apóstolo Paulo reforça isso em Romanos 1:20, afirmando que “os atributos invisíveis de Deus […] claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas”.

Porém, embora a revelação geral forneça evidências da existência e do poder de Deus, ela não é suficiente para conduzir o homem à salvação.

A criação revela a majestade e o poder do Criador, mas não revela os detalhes do plano de salvação ou a natureza redentora de Deus.

Ela, contudo, deixa a humanidade sem desculpas para negar a existência de Deus, como Paulo afirma em Romanos 1:20. Dessa forma, a revelação geral aponta para Deus, mas não é completa em si.

Ademais, a revelação geral é limitada em sua capacidade de transmitir o conhecimento específico de Deus.

Ela nos mostra que há um Criador e que esse Criador é poderoso, mas não nos revela o caráter de Deus ou o Seu plano para a humanidade.

Isso torna a revelação específica, contida nas Escrituras, um complemento necessário para a plena compreensão de quem Deus é e o que Ele deseja de nós.

Revelação específica

A revelação específica refere-se à maneira direta e pessoal pela qual Deus se comunica com a humanidade.

Diferente da revelação geral, que é acessível a todos por meio da criação, a revelação específica é concedida em momentos e contextos específicos e inclui o conteúdo das Escrituras.

2ª Timóteo 3:16 afirma que “Toda a Escritura é inspirada por Deus”, indicando que a Bíblia é o principal meio de revelação específica, onde encontramos a vontade divina claramente expressa.

A revelação específica é necessária porque, através dela, Deus comunica verdades que não poderiam ser conhecidas de outra forma.

Um exemplo central é o próprio evangelho de Jesus Cristo. Paulo, em Gálatas 1:11-12, explica que o evangelho que ele pregava não foi ensinado por homens, mas veio por meio da revelação de Jesus Cristo.

Dessa forma, a revelação específica é a única maneira pela qual a humanidade pode conhecer o caminho da salvação e o caráter de Deus de forma pessoal.

Além disso, essa revelação não se limita ao conhecimento intelectual, mas envolve também um relacionamento pessoal com Deus.

Através das Escrituras, Deus se revela como um Pai amoroso que deseja um relacionamento redentor com Seus filhos.

João 5:39 destaca que as Escrituras “testificam” Jesus, e é por meio desse testemunho que somos chamados a responder ao Seu amor e Sua graça.

Portanto, a revelação específica é fundamental para a salvação e para o relacionamento com Deus.

Revelação progressiva

A revelação de Deus não aconteceu de uma só vez, mas gradualmente ao longo da história.

Isso é conhecido como revelação progressiva, que significa que Deus se revelou gradualmente, conforme a humanidade estava pronta para receber Suas verdades.

Hebreus 1:1-2 nos lembra de que Deus falou “muitas vezes e de muitas maneiras” no passado, mas revelou-se plenamente por meio de Jesus Cristo.

Essa progressividade reflete o cuidado de Deus em adaptar Sua revelação à capacidade de compreensão do ser humano.

Um exemplo claro de revelação progressiva está no desenvolvimento da compreensão do plano de Deus para a salvação.

No Antigo Testamento, vemos profecias e tipos que apontam para o Messias, mas é somente no Novo Testamento, com a vinda de Cristo, que esse plano é plenamente revelado.

A progressividade da revelação permite que vejamos como Deus, ao longo do tempo, foi preparando o terreno para a plena manifestação de Seu amor e justiça na cruz.

Essa progressão também pode ser observada em aspectos éticos e morais. No Antigo Testamento, algumas práticas, como a poligamia, eram toleradas em certo grau devido à dureza do coração humano.

Porém, conforme a revelação avançava, os padrões divinos de santidade e justiça se tornaram mais claros, culminando nos ensinamentos de Jesus sobre o amor e a graça.

Assim, a revelação progressiva demonstra a paciência de Deus em nos conduzir a uma compreensão mais profunda de Sua vontade.

 A revelação de Deus cessou?

Uma questão frequentemente levantada é se a revelação de Deus cessou após o fechamento do cânon bíblico.

Muitos teólogos defendem que a revelação, no sentido de novas doutrinas ou escrituras, cessou com o fim da era apostólica e o fechamento do Novo Testamento.

Judas 1:3 afirma que a fé foi “uma vez por todas entregue aos santos”, sugerindo que a revelação necessária para a fé cristã foi concluída. A partir dessa visão, não haveria mais revelações adicionais de novas verdades.

Entretanto, isso não significa que Deus parou de agir ou de se comunicar com Seu povo.

O Espírito Santo continua a iluminar as Escrituras e a guiar os crentes em toda a verdade, como prometido por Jesus em João 16:13.

O papel do Espírito não é trazer novas doutrinas, mas auxiliar os crentes a compreender e aplicar as verdades reveladas nas Escrituras.

Dessa forma, a revelação bíblica está completa, mas a obra do Espírito continua ativa na vida dos crentes.

Além disso, a interpretação das Escrituras e a aplicação das verdades bíblicas continuam a ser iluminadas pelo Espírito ao longo dos séculos.

Deus, em Sua graça, ainda se faz presente em nossas vidas, guiando-nos e falando conosco através da Sua Palavra.

Assim, embora a revelação bíblica tenha sido concluída, a comunicação de Deus com Seu povo nunca cessou, permanecendo viva e ativa até os dias de hoje.

Outras evidências da inspiração

Diversas evidências atestam a inspiração divina das Escrituras. A primeira delas são as profecias cumpridas, que demonstram a precisão e o poder da Palavra de Deus.

Muitas profecias do Antigo Testamento foram cumpridas na pessoa de Jesus Cristo, como o local de Seu nascimento em Belém (Mq 5:2) e os detalhes de Sua crucificação (Sl 22:1,7-8).

Esses cumprimentos exatos reforçam que a Bíblia é inspirada por Deus e não apenas um livro escrito por homens.

A unidade da Bíblia também é uma forte evidência de sua inspiração. Embora tenha sido escrita por cerca de 40 autores, ao longo de 1.500 anos, a mensagem da Bíblia é coesa e harmoniosa, sem contradições.

Essa “unidade na diversidade” aponta para um Autor divino que guiou a redação das Escrituras. Meros autores humanos, de contextos tão variados, jamais poderiam produzir uma obra tão consistente e relevante ao longo dos séculos.

Por fim, o impacto transformador da Bíblia na vida das pessoas e da sociedade é uma evidência poderosa de sua origem divina.

Ao longo da história, a Bíblia tem moldado culturas, guiado a moralidade e transformado vidas de maneiras que nenhum outro livro conseguiu.

Ela tem o poder de transformar corações e mentes, levando as pessoas a uma vida de fé e santidade. Isso evidencia que ela não é apenas um texto antigo, mas a própria Palavra viva de Deus.

Conclusão

A revelação de Deus, conforme expressa na Bíblia, é um testemunho da graça e do amor divino para com a humanidade.

Desde a revelação geral através da criação, até a revelação específica nas Escrituras e, finalmente, na pessoa de Jesus Cristo, Deus tem se mostrado de diversas maneiras, para que possamos conhecê-Lo e nos relacionar com Ele.

A revelação progressiva demonstra o cuidado de Deus em nos conduzir gradualmente ao pleno conhecimento de Sua vontade e propósito.

Embora a revelação bíblica tenha sido completada com o Novo Testamento, o Espírito Santo continua a atuar, iluminando as verdades das Escrituras e guiando os crentes em seu entendimento e aplicação.

O plano de Deus permanece inalterado, e as Escrituras continuam sendo a autoridade final para a fé e a prática cristã.

As evidências da inspiração divina, como as profecias cumpridas e a unidade da Bíblia, reforçam sua autoridade e confiabilidade.

Assim, a revelação de Deus, registrada nas Escrituras, é o fundamento da fé cristã. Ela nos mostra o caminho da salvação e o plano eterno de Deus para a redenção da humanidade.

Ao nos entregarmos a essa revelação, somos transformados e guiados à verdade que nos liberta. Que possamos sempre valorizar e buscar o conhecimento de Deus, conforme revelado em Sua Palavra.Parte superior do formulário

Referências Bibliográficas

BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo:Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

GEISLER, N. L.; NIX, W. E. Introdução geral à Bíblica. 1ª ed. São Paulo: Editora Vida, 2006.

GRAVES, S. O que é a Bíblia?Barueri, SP: SBB, 2004.

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