Os capítulos 35, 36 e 37 do livro de Êxodo são marcantes pela riqueza de detalhes relacionados à construção do Tabernáculo, o local onde Deus manifestaria Sua presença no meio do povo de Israel.
Essa parte das Escrituras apresenta não apenas instruções específicas sobre os materiais, design e utensílios do santuário, mas também ilustra a obediência, generosidade e habilidade do povo ao realizar o que Deus ordenou.
Após a reafirmação da importância do sábado como um dia de descanso, Êxodo 35 inicia com a convocação de ofertas voluntárias para a obra do Tabernáculo.
Moisés transmite ao povo as ordens divinas e destaca o papel de Bezalel e Aoliabe, artesãos capacitados por Deus para liderar o projeto.
A dedicação do povo é enfatizada, refletindo a disposição do coração em contribuir para algo maior: a glorificação do Senhor.
Nos capítulos 36 e 37, o texto detalha a execução das ordens dadas anteriormente, demonstrando precisão e reverência no trabalho.
Cada peça do Tabernáculo tem um simbolismo espiritual profundo, apontando para o relacionamento entre Deus e Seu povo, além de antecipar verdades reveladas em Cristo.
A seguir, examinaremos em detalhes esses capítulos, explorando seus significados e implicações.
A importância do sábado e a preparação das ofertas (Êxodo 35:1-29)
Moisés inicia seu discurso relembrando sobre a importância do sábado, um mandamento que reforça o descanso e a adoração ao Senhor (Êxodo 35:2-3).
Ele alerta que qualquer trabalho nesse dia seria punido com a morte, demonstrando a seriedade de guardar o sábado.
Este mandamento, além de ser um sinal da aliança de Deus com Israel, lembra o descanso de Deus em Gênesis 2:2-3.
Em seguida, Moisés convida o povo a trazer ofertas voluntárias para a construção do Tabernáculo (Êxodo 35:4-9).
A lista de materiais inclui ouro, prata, pedras preciosas, tecidos finos, madeira de acácia e óleos aromáticos.
A doação deveria ser feita com o coração disposto, um princípio que reflete o valor da generosidade no serviço a Deus.
A resposta do povo é emocionante: homens e mulheres, movidos pelo espírito de obediência, trazem suas ofertas.
Aqueles que tinham habilidades específicas, como fiar e bordar, também ofereceram seu trabalho.
Esse esforço coletivo ressalta a importância da unidade na adoração a Deus, onde cada pessoa contribui conforme suas possibilidades.
A escolha de Bezalel e Aoliabe como líderes da obra (Êxodo 35:30-36:1)
Deus escolheu Bezalel, da tribo de Judá, e Aoliabe, da tribo de Dã, para liderar a construção do Tabernáculo.
Bezalel foi cheio do Espírito de Deus, recebendo sabedoria, inteligência e habilidade para trabalhar com metais, pedras preciosas e madeira (Êxodo 35:30-35).
Essa capacitação divina simboliza como Deus equipa aqueles que Ele chama para Sua obra.
Além disso, Bezalel e Aoliabe foram designados para ensinar outros, promovendo um trabalho em equipe.
Isso nos lembra que o serviço a Deus muitas vezes exige liderança que capacita outros a exercerem seus dons espirituais.
O texto também destaca que o povo continuava a trazer ofertas a cada manhã, até o ponto em que havia material em excesso (Êxodo 36:5-7).
Essa abundância reflete a disposição do coração em servir a Deus, um contraste marcante com a rebelião anterior no episódio do bezerro de ouro.
A construção das cortinas e estruturas do tabernáculo (Êxodo 36:8-38)
Os artesãos iniciaram o trabalho com a confecção das cortinas internas, que eram feitas de linho fino com bordados de querubins em estofo azul, púrpura e carmesim (Êxodo 36:8).
Essas cortinas representavam o céu e a santidade de Deus, simbolizando Sua presença habitando entre os homens.
As coberturas externas eram feitas de pêlos de cabra, peles de carneiro tingidas de vermelho e peles finas (Êxodo 36:14-19).
Essas camadas adicionais protegiam o interior do Tabernáculo e simbolizavam a obra protetora de Deus sobre Seu povo.
As tábuas que formavam as paredes eram feitas de madeira de acácia, revestidas de ouro, e presas por bases de prata (Êxodo 36:20-34).
A madeira, resistente e duradoura, simbolizava a humanidade de Cristo, enquanto o ouro representava Sua divindade.
O véu do Santo dos Santos (Êxodo 36:35-38)
O véu que separava o Santo dos Santos era feito com os mesmos materiais das cortinas internas (Êxodo 36:35-36).
Ele simbolizava a separação entre Deus e os homens devido ao pecado, e os querubins bordados indicavam os guardiões da presença divina.
No Novo Testamento, o véu ganha um significado profundo ao ser rasgado no momento da morte de Jesus (Mateus 27:51), indicando que o acesso a Deus estava agora aberto por meio do sacrifício de Cristo.
A entrada do Santo Lugar também tinha uma cortina (reposteiro), representando Cristo como o único caminho para Deus (João 14:6). Essa cortina, assim como o véu, era rica em simbolismo espiritual.
A arca da aliança e o propiciatório (Êxodo 37:1-9)
Bezalel confeccionou a Arca da Aliança, um baú de madeira de acácia revestido de ouro (Êxodo 37:1-5).
Dentro da Arca, foram colocadas as tábuas da lei, simbolizando a aliança entre Deus e Israel.
O propiciatório, feito de ouro puro, era a tampa da Arca, com dois querubins de asas estendidas (Êxodo 37:6-9).
Esse era o lugar onde o sumo sacerdote aspergia o sangue no Dia da Expiação, simbolizando a propiciação dos pecados.
O propiciatório apontava para Cristo como o sacrifício perfeito que nos reconcilia com Deus (Romanos 3:25).
Os querubins voltados para o propiciatório simbolizavam a atenção dos anjos ao plano de redenção.
Os utensílios do Tabernáculo (Êxodo 37:10-29)
Bezalel também fez a mesa dos pães da proposição, o candelabro de ouro puro e o altar do incenso (Êxodo 37:10-29).
Cada um desses objetos tinha um papel específico na adoração e apontava para verdades espirituais maiores.
A mesa dos pães da proposição representava a provisão contínua de Deus para Israel e a comunhão com Ele.
Os doze pães sobre a mesa simbolizavam as doze tribos de Israel diante de Deus.
O candelabro, com suas sete lâmpadas, simbolizava a luz de Deus iluminando Seu povo e o papel de Cristo como a luz do mundo (João 8:12).
O altar do incenso representava as orações do povo subindo como aroma agradável ao Senhor (Apocalipse 8:3-4). Ele também apontava para o ministério intercessor de Cristo.
Conclusão
Os capítulos 35, 36 e 37 de Êxodo mostram como a obediência e generosidade do povo contribuíram para a construção do Tabernáculo, o lugar onde Deus se encontraria com Israel.
Esses textos enfatizam a importância de servir a Deus com coração disposto e habilidades oferecidas para Sua glória.
Cada detalhe do Tabernáculo e seus utensílios aponta para verdades espirituais mais profundas, especialmente relacionadas à obra redentora de Cristo.
Desde o véu até o propiciatório, o Tabernáculo reflete o plano de Deus para reconciliar o homem consigo mesmo.
A narrativa nos lembra que Deus deseja habitar entre Seu povo e que Ele providencia os meios para isso.
Assim como os israelitas participaram ativamente na construção do Tabernáculo, somos chamados a oferecer nossas vidas como um sacrifício vivo em adoração a Ele (Romanos 12:1).
Referências Bibliográficas
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudos Almeida. Tradução de João Ferreira de Almeida. 2ª edição, São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
MacDonald, William. Comentário bíblico popular. Antigo Testamento. 1ª edição, São Paulo: Mundo Cristão, 2004.