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Home / Teologia / Livros Apócrifos / O que são os livros apócrifos?

O que são os livros apócrifos?

Os livros apócrifos têm suscitado debates e intrigado estudiosos e leitores da Bíblia por séculos.

Esses textos, muitas vezes envoltos em mistério e curiosidade, não fazem parte do cânon das Escrituras Sagradas adotado por muitas denominações cristãs, especialmente as protestantes.

A origem e o significado do termo “apócrifo” são fundamentais para compreender o lugar desses livros na história cristã.

Este artigo explora a natureza desses escritos, sua história, conteúdo e as razões pelas quais são aceitos por algumas tradições cristãs e rejeitados por outras.

Breve história dos livros apócrifos

Os livros apócrifos são uma coleção de textos escritos principalmente entre o fim do Antigo Testamento e o início do Novo Testamento.

Esses escritos surgiram aproximadamente entre os séculos III a.C. e I d.C., um período de grande fermentação cultural e religiosa no judaísmo.

Muitos desses livros foram escritos em resposta às necessidades sociais dos judeus que viviam sob o domínio de impérios estrangeiros, como o grego e o romano, e buscavam fortalecer sua identidade.

Devido algumas contradições e erros, esses textos não foram incluídos no cânon judaico finalizado no Concílio de Jamnia por volta do ano 90 d.C.

Significado do termo apócrifos

A palavra “apócrifo” origina-se do grego “apokryphos”, que significa “oculto” ou “secreto”.

Inicialmente, esse termo poderia sugerir um sentido de respeito por escritos de conteúdo profundo ou esotérico, acessível apenas a círculos restritos na comunidade.

Com o tempo, porém, o termo passou a adquirir uma conotação de espúrio ou de autenticidade questionável.

No contexto cristão, muitos desses textos foram considerados úteis para conhecimento histórico, mas não foram reconhecidos como inspirados por Deus para instrução doutrinária ou normativa.

Razão da denominação de livros apócrifos

Os livros apócrifos são assim chamados principalmente devido à sua exclusão do cânon das Escrituras.

A decisão de excluir esses livros baseou-se em vários critérios, incluindo a autenticidade questionável, a falta de citação por parte de Jesus e dos apóstolos, e a não inclusão no cânon hebraico do Antigo Testamento.

Além disso, alguns desses textos apresentam ensinamentos e narrativas que divergem das doutrinas estabelecidas nas outras escrituras canônicas, levando a dúvidas sobre sua autoridade e inspiração divina.

Lista e inclusão dos livros apócrifos na Bíblia católica

A Bíblia católica inclui vários livros apócrifos que não estão presentes nas Bíblias protestantes. Esses incluem:

  1. Tobias
  2. Judite
  3. A Sabedoria de Salomão
  4. Eclesiástico
  5. Baruque (e a Carta de Jeremias)
  6. 1º Macabeus
  7. 2º  Macabeus
  8. Passagens adicionais no livro de Ester
  9. Passagens adicionais no livro de Daniel

Esses textos foram oficialmente aceitos pela igreja católica no Concílio de Trento, em 1546, em resposta à Reforma Protestante.

Esses livros são considerados canônicos (oficiais) pela Igreja Católica, mas não pelos protestantes ou pelos judeus, que os veem como apócrifos ou não incluídos em suas escrituras.

Exclusão dos apócrifos na Bíblia protestante

Os livros apócrifos não são reconhecidos como canônicos pelas tradições protestantes, principalmente devido à Reforma do século XVI.

Figuras como Martinho Lutero questionaram a autoridade e a autenticidade destes textos, favorecendo os livros que eram reconhecidos no cânon hebraico do Antigo Testamento.

A decisão de excluir os apócrifos refletia um retorno à autoridade das Escrituras hebraicas e um rechaço a tradições eclesiásticas que não eram vistas como fundamentadas nas escrituras originais.

Este posicionamento foi solidificado na Confissão de Fé de Westminster em 1647, que delineou claramente os livros aceitos no cânon protestante.

Localização dos apócrifos na Bíblia católica

Na Bíblia católica, os livros apócrifos são encontrados no Antigo Testamento. Eles são intercalados entre os livros canônicos, dependendo de sua natureza e conteúdo.

Por exemplo, os livros de Macabeus relatam a história dos judeus na luta contra o helenismo, enquanto o livro de Tobias narra a história devocional e moral de um homem piedoso.

A inserção destes livros no contexto do Antigo Testamento ajuda a fornecer uma continuidade histórica valorizada pela tradição católica.

Conclusão

Os livros apócrifos, com suas narrativas e histórias, continuam a ser uma fonte de estudo e, por vezes, controvérsia no cristianismo.

Enquanto a tradição católica os mantém como parte integrante de suas escrituras, reforçando a continuidade histórica e espiritual, a tradição protestante os vê como historicamente valiosos, mas não divinamente inspirados para doutrina.

A compreensão desses textos e de seu valor variado entre as denominações cristãs é essencial para uma apreciação plena da história e da teologia.

Assim, os livros apócrifos permanecem um campo vital de estudo para todos aqueles interessados ​​na evolução histórica da época de seus escritos.

Referências Bibliográficas

CALVINO, João. Institutes of the Christian Religion. Tradução de Henry Beveridge. Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans Publishing Company,

WESTMINSTER CONFESSION OF FAITH. Chapter 1.6. In: The Westminster Standards. Philadelphia, PA: Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1966. p. 15.

 

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